quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tropicaline nova versão Wordpress

Para as queridas moscas visitantes do blog, informo que migrei para o domínio WORDPRESS, vale dizer, uma ferramenta em código aberto desenvolvida por milhares de usuários em todo o mundo.
(Dica: como migrar conteúdo do blogspot pro wordpress)

O novo endereço, portanto, é:

www.tropicaline.wordpress.com

E viva a cultura livre!

domingo, 18 de julho de 2010

Política é uma Arte que a Cultura produz

A “felicidade é a prova dos nove”, do manifesto antropofágico. Felipe Redó, do CUCA da UNE, se apoia nisso para pensar o futuro, o próprio e o do país. Representa o otimismo da juventude atual, marcado entretanto por forte consciência crítica, mais a compreensão aguda do papel da cultura. Coisa, por exemplo, que minha juventude não teve tão marcante, em meio a uma ditadura feroz que fazia com que opções políticas – no caso pelo partido comunista – implicasse estar aberto para a possibilidade (muito tangível) de tortura e morte.

Por isso, talvez, trago sempre às páginas do blog esse assunto e esses personagens. Eles são o sucedâneo do relançamento nacional do fim dos anos 50, do otimismo da Copa de 58, a bossa nova, o cinema novo, o CPC da UNE… Os amigos Guarnieri, Viana, tantos e tantos. Há outro motivo, porém. Expresso no Rasga Coração, de Vianinha, ou em Eles não usam black-tie, de Guarnieri: nem sempre o novo é revolucionário, nem sempre o velho é conservador.

O que acho marcante em Felipe e todos os outros que já compareceram ou comparecerão nestas conversas culturais e acadêmicas é isso: a capacidade da juventude em expressar o novo sem perder de vista o perene. O perene é a nação, o povo, a democracia, a cidadania. Eles estão nessa.


Quem é você, Felipe Redó? Como chegou ao interesse pelas artes? Que trabalho você já acumula?

Meu “curriculum vitae” é ?! (risos)


É, rapaz, tão jovem e já falando latim…

Poderia começar de diversas formas… mas prefiro dizer que me interessei pelas artes meio que de forma intuitiva. O período da juventude é um momento rico para a vida (cultural), pois você está aberto a várias influências e com menos preconceito das coisas. Estou hoje como diretor de cultura da União Nacional dos Estudantes e coordenador do Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE, além de estar na graduação em História pela UFRJ, etc. e tal…


Felipe, Augusto Boal dizia que “Ser cidadão não é viver em sociedade. É modificá-la”. Como você interpreta isso?

Boal desenvolveu uma técnica que é eminentemente política quanto ao nosso posicionamento no mundo, que é a Estética do Oprimido. Uma forma de ser/estar no mundo de forma pró-ativa, como espect-atores, e não apenas como platéia de espectadores. Isso diz muito para mudarmos nossa idéia do que é viver e como viver em sociedade. Fazemos essa referência a Boal em nosso documento intitulado Política Cultural para o Período Eleitoral e Pós Campanha, disponível em nosso blog: www.cucadaune.blogspot.com.


É, foi daí que extrair a questão. Agora, voltando ao tema: isso tem a ver com sua ligação ao marxismo e ao comunismo? O que veio antes, nesse caso – a arte ou a política?

Tem tudo a ver com as teses de Marx; “os intelectuais se limitaram a interpretar o mundo, resta-nos transformá-lo”. Para esse caso acho que a arte tem uma dimensão política também. Isso não quer dizer que a obra de arte, o objeto-arte, o tenha. Mas o significado dela assimilado por nós, possui.


No blog postei matéria com Santini, intitulada “A política como dimensão da cultura, e não o contrário”. Bem gramsciano isso, né? Como você vê a questão?

Aí já vale outra forma (dimensão) de entender a coisa. Porque a “Política é uma Arte que a Cultura produz” e não o contrário. A política é um meio de mediação para se buscar as coisas não um fim em si mesmo. Acho que é isso que está faltando na política hoje.


No CUCA vocês teorizam a Cultura em três dimensões: a ordem ética, estética e econômica. Isso ligado ao projeto nacional. Em outro tempo, década de 50, o Brasil foi longe nessa articulação. E hoje, como você a encara?

E podemos ir mais longe ainda! Esse tema é especialmente instigante para um país que tem pouco mais de 500 anos, né? Mas o que me instiga hoje é pensar que o Brasil tem ganho relevância no cenário internacional e é justamente pela nossa cultura, que deve dar elementos a esse projeto, onde podemos dar grandes contribuições ao mundo. A nossa “identidade nacional brasileira” elevada a potência de “entidade universal brasileira” pra citar Mário de Andrade.


Para mim foi a mais elevada surpresa positiva a obra de Gil no Ministério. Maravilha pura, junto com a criatividade de Célio Turino. Como você viu esse período, em ligação com a pergunta anterior? Qual a maior aquisição desse período?

Desculpa, Walter, mas vou fazer uma confissão em particular e fugir um pouco da objetividade da pergunta, antes de respondê-la.

Bem, eu era do movimento estudantil quando me chamaram para fazer parte de um Ponto de Cultura: o CUCA da UNE. A grana nem era muita e também existia, num primeiro momento, uma confusão com uma super idéia do Célio Turino, que virou programa em parceria com Ministério do Trabalho, que era disponibilizar uma pequena bolsa, de auxilio financeiro, para jovens desenvolverem seu aspecto de cidadania (naquele conceito do Boal citado acima!). Fora a burocracia, o caso é que ter participado de um movimento social de cultura por meio de uma rede social dos Pontos de Cultura era o que eu esperava no movimento estudantil. Posso dizer que sou filho dos pontos de cultura.

A respeito da gestão de Gil no MinC, posso dizer que foi uma quebra de paradigmas, assim como ter um metalúrgico como presidente, ter um músico tropicalista à frente do Ministério. E esse momento de ruptura foi fundamental para se repensar o papel da política pública para a cultura, que deixava de ser a “cereja do bolo” e passava a dialogar com essas outras dimensões na sociedade, e apostar, por exemplo, em ações como os Pontos de Cultura.


Já ouvi você falar em três dimensões integradas: cultura e educação; cultura e emancipação social; cultura e comunicação + democracia; cultura e cidadania no sentido de produção e acesso aos bens culturais. Comente essa articulação, por favor, ela tem importância conceitual.

O entendimento da Cultura sob o signo da abrangência, é isso. Não sou eu quem falo isso, é o Gil e um monte de pessoas que constroem e pensam este país neste momento. A Cultura é tema transversal a todas as áreas humanas, e não conheço área que não seja Humana, pois todas dizem respeito à relação entre os homens e entre os homens e a natureza.


Onde você imagina que estaremos os brasileiros em dez anos, e você pessoalmente?

Tendo a ser otimista pois pensar positivamente gera ações positivas também. Imagino, para daqui a dez anos, os brasileiros sempre melhor do que estão. Com mais justiça social e qualidade de vida. Já eu, estar feliz por ora me basta. A “felicidade é a prova dos nove”, do manifesto antropofágico!


Felipe, muito obrigado. Sou muito ligado a isso do CUCA e admiro o teu trabalho e da turma que lá atua. Acho que vocês estão bem servidos neste ano, com candidaturas na cultura como as de Celio Turino, e na juventude com Gustavo Petta, duas figuras de alta liderança, criatividade e visão política. Quanto a mim, espero que você, feliz, em dez anos esteja bombando artisticamente. Abração.


Publicado originalmente em: http://www.waltersorrentino.com.br/?p=2796#more-2796

domingo, 4 de julho de 2010

Interfaces Digitais Colaborativas - Linguagens e Experiências em rede

A Escola de Comunicação da UFRJ e a Secretaria de Cidadania Cultural do MinC convidam para

Seminário INTERFACES DIGITAIS COLABORATIVAS - Linguagens e Experiências em Rede
Dias 7, 8 e 9 de julho no Auditório do CBPF
Rua Lauro Müller, 455 – Botafogo,Rio de Janeiro
(entrada também pelo Campus da Praia Vermelha da UFRJ)


Inscrições abertas (com certificado de participação): http://laboratorioculturaviva.pontaodaeco.org


A experimentação e produção de conteúdos digitais diante das novas tecnologias, as culturas das interfaces, o potencial de criação, colaboração, difusão e compartilhamento em rede. Apresentação de experiências colaborativas e de interfaces de criação audiovisual e de conteúdos digitais para as diferentes mídias e plataformas

Com a participação de pesquisadores, realizadores em Novas Mídias, Cultura Digital, Pontos de Cultura e Pontões de Cultura Digital, experiências em redes colaborativas da sociedade civil, terceiro setor e empresas, o Seminário irá apresentar o Laboratório Cultura Viva, de pesquisa e realização, em implantação na Escola de Comunicação da UFRJ com apoio da SCC do MinC

Confira a programação:


Saiba mais:
http://laboratorioculturaviva.pontaodaeco.org/
http://twitter.com/labculturaviva

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Saramago e a falsa democracia

Pela memória do grande escritor José Saramago, que nos deixou na última sexta-feira, 18/06.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Aberta consulta pública para a Reforma da Lei dos Direitos Autorais

Está aberta a consulta pública para a reforma da Lei dos Direitos Autorais, para que a sociedade civil possa opinar no projeto de reforma proposto pelo Ministério da Cultura.

Atualmente, práticas comuns como copiar as músicas de um cd para um aparelho mp3, para uso privado, ou mesmo tirar xerox de um capítulo de um livro na universidade, são considerados crimes. Então é o momento de se perguntar: quem está errada, a sociedade ou a lei?

É mt importante que nós, produtores e também consumidores de cultura, opinemos sobre essa questão, que está muito mais presente no nosso cotidiano do que às vezes percebemos.

O projeto apresentado pelo MinC atualiza a legislação de forma positiva, mas ainda pode avançar em muitos pontos, por isso é importante a ampla participação

Confiram a consulta pública em http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/, divulguem e participem!


Leia a análise feita pela Rede pela Reforma da Lei de Direitos Autorais sobre a proposta de reforma do MinC: http://culturadigital.org.br/site/lda/2010/06/14/primeira-leitura-da-proposta-de-reforma-da-lei-de-direitos-autorais/

Mais informações sobre a reforma da LDA:
http://www.reformadireitoautoral.org/

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Seminário no Rio discute a Reforma da Lei de Direito Autoral




Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e Rede pela reforma da Lei de Direito Autoral realizam debate no Rio de Janeiro

A lei 9.610, atualmente em vigor no Brasil, foi criada em 1998 e passa agora pela primeira revisão significativa. Desde 2007 o Mistério da Cultura vem realizando debates com a ampla participação dos interessados para discutir uma proposta de reforma. Um anteprojeto de lei deverá ser submetido à consulta pública em breve. Diante desse contexto, é preciso aprofundar o conhecimento sobre a Lei de direito autoral para que seja possível avaliar quais pontos devem ser abrangidos na reforma.

Programação

Parte I – Contexto da regulação de direito autoral e conceitos básicos

14:00 - Arrecadação e distribuição de direitos – Alexandre Negreiros (SindiMusi)
14:30 – O que é direito autoral? – Denis Borges Barbosa
15:00 – Limitações e exceções – Marília Maciel (CTS/FGV)
15:30 – Debate
Parte II – Novas tecnologias, produção e acesso a conteúdo
16:00 - Novos modelos de negócio – Olívia Bandeira (Overmundo)
16:30 – Direito de acesso – Guilherme Varella (IDEC)
17:00 – Acesso ao conhecimento e domínio público – Carlos Affonso(CTS/FGV)
17:30 - Debate
18:00 – Encerramento: Cenário político e desafios atuais
Deputado Alessandro Molon (Deputado Estadual – RJ )
Deputado Chico Alencar (Deputado Federal – RJ) – a confirmar
Marília Maciel/Luiz Moncau (CTS/FGV)


As vagas são limitadas. Inscrições para o seminário devem ser feitas aqui: http://direitorio.fgv.br/inscricao-reforma-lei-direito-autoral


Evento: Seminário sobre a reforma da Lei de Direito Autoral

Local: Fundação Getulio Vargas - Praia de Botafogo, 190, 13 andar (Sala Luis Schuartz)

Data e horário: dia 09 de junho, das 14:00 às 19:00


Mais sobre a Reforma da Lei do Direito Autoral

http://www.reformadireitoautoral.org/


Baixe o Caderno Direito Autoral em Debate

Leia e assine a Carta pelo Acesso a Bens Culturais

Eleições e redes sociais


Projeto inédito convida brasileiros à investigar processo eleitoral

Acaba de entrar no ar o Eleitor 2010, plataforma que reúne relatos e dados sobre irregularidades envolvendo as próximas eleições, feitas pela própria população. Colocando o eleitor como voz ativa do processo eleitoral, o website é alimentado colaborativamente pelos eleitores por meio de um formulário no próprio site, e-mails e redes sociais, como o Twitter, e, futuramente torpedos de SMS, que podem ser enviados por qualquer pessoa, de qualquer lugar do país. que tenha acesso a internet ou mesmo apenas a um telefone celular.

A ideia pega carona no sucesso de iniciativas de mídia cidadã no Brasil, e aproveita ferramentas digitais e redes sociais para incentivar a participação coletiva na vida política. Por meio da plataforma, o eleitor não apenas acompanha o que está acontecendo durante todo o processo eleitoral no país, mas pode fazer suas próprias denúncias sobre o que vê de errado ao seu redor. O conteúdo-chave a ser trabalhado inclui denúncias de fraudes, boca de urna, showmícios, irregularidades e eventos em geral relacionados ao processo eleitoral. Os eleitores podem enviar, além de texto, vídeos, fotos, arquivos de áudio ou capturas de tela, no caso de irregularidades encontradas online.

O convite é aberto a todos. A ideia é reunir relatos de quem foi alvo ou teve acesso a informações de irregularidades, como tentativa compra de voto, coação, ameaças ou presenciou qualquer outra irregularidade, denunciando o fato anonimamente ou não”, explica Diego Casaes, um dos coordenadores do projeto. “O nosso foco não é ataque a candidatos nem dar vazão a picuinhas políticas, mas trazer a tona fatos e acontecimentos testemunhados pelo eleitor, que podem e devem ser enviados ao Ministério Público Eleitoral, mas também compartilhados de maneira transparente com toda a população, criando assim um retrato das eleições segundo a ótica do eleitor”, enfatiza Paula Góes, idealizadora do Eleitor 2010.

Para agregar todos esses dados em um único site, o Eleitor 2010 usa uma versão customizada da plataforma Ushahidi, que por sua vez conta com um mashup do Google Maps que permite localização no mapa do lugar exato do incidente relatado. Isso vale tanto para incidentes que aconteçam em uma grande capital quanto para locais como Santa Cruz de Minas, a menor cidade brasileira. Para evitar abuso da plataforma, as mensagens enviadas passam por moderadores, que analisam se a denúncia é uma irregularidade que pode ser publicada, ou se é apenas uma ofensa moral contra algum candidato, e que, portanto, deve ser ignorada. Os relatos publicados podem ainda ser marcados como verificados ou não, e são abertos para comentários de outros leitores.

Testemunho

Ushahidi significa testemunho em suaíli, idioma banto com o maior número de falantes na África. Criada para acompanhar a violência pós-eleições no Quênia em 2008, a plataforma ganhou o último prêmio Best of Blogs Deutsche Welle como o melhor blog do ano. Além do Quênia, ela já foi usada para denunciar ondas de violência em Madagascar, relatar in loco a situação do Haiti e do Chile após os terremotos e para monitorar as eleições na Índia, Moçambique e México.

No Brasil, o Ushahidi será usado pela primeira vez para acompanhar as eleições de 2010, agregando em um único ponto os testemunhos de gente do Brasil inteiro. O Eleitor 2010 é um projeto é de cunho apartidário e sem fins lucrativos, com o objetivo de agregar, organizar, analisar e criar conteúdo sobre as campanhas eleitorais nacional e regionais do Brasil, de maneira participativa, construindo assim um grande observatório das eleições segundo a ótica do eleitor – ou melhor – de todos os eleitores.

Acompanhe:

Plataforma: http://eleitor2010.com/
Blog oficial: http://blog.eleitor2010.com/
E-mail: info@eleitor2010.com


twitter: @Eleitor_2010
tumblr: http://eleitor2010.tumblr.com/
flickr: http://www.flickr.com/groups/eleitor2010/
orkut: http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=100751259
facebook: http://www.facebook.com/Eleitor2010

domingo, 30 de maio de 2010

"O tropicalismo é a esperança da humanidade"

“Olha, a Banda Larga é isso. O coração aberto ainda nervoso soltando faíscas de eletroemoções e conectando todo mundo, mas dentro de sua diferença, diversidade, individualidade, particularidade, às vezes mais de uma personalidade. E essa riqueza vem dessa terra aqui, da Bahia, país do Carnaval, do cacau, do suor. O tropicalismo é a esperança da humanidade. O trabalho do ministro Gil não tem as barreiras, as fronteiras comuns do Ministério, ele abrange uma vastidão de conteúdos, de ministérios, de temas, e a esperança que é irradiada daqui é a esperança do planeta. Eu digo, o Brasil é um gigante se fingindo de invisível até agora, agora não. O amálgama de José Bonifácio disse que era diferença nossa para com os outros países, esse amálgama tão difícil de ser feito, é mais que miscigenação, é mais que mistura, ele é uma reinterpretação de tudo ao mesmo tempo mas com uma característica: absorver os pensamentos contrários e dissolvê-los. É isso que é. Aliás, Emmanuel Kant já dizia que a filosofia começa quando vc começa a respeitar as opiniões opostas e incluí-las. É isso, isso é a realidade. E a cibernética da Internet, fantástica, que embolou os pensamentos foi um negócio chamado Leiberitz, mas ele passava por uma curiosidade da razão pura, sem serventia. E a serventia agora ela ela é a base de tudo. Agora o conteúdo, a alma é esse batuque do Brasil de todos os candomblés".

Por Jorge Mautner

sábado, 29 de maio de 2010

Rede lança caderno pela Reforma da Lei dos Direitos Autorais

A Rede pela Reforma da Lei de Direitos Autorais lançou na última quarta-feira, 26/5, durante ato público promovido no Ministério Público Federal de São Paulo, o caderno “Direito Autoral em Debate”, produzido coletivamente pelas suas 20 organizações integrantes

O caderno trata das relações entre o direito autoral e os recursos educacionais, a produção artística, o acesso à cultura, as possibilidades digitais e os direitos do consumidor. Com ele, a Rede pela Reforma da LDA pretende contribuir com o debate público da legislação autoral e informar o cidadão sobre esse tema cada vez mais presente no seu cotidiano.

O ato-debate, que contou com a presença do Movimento Cineclubista, Música pra Baixar, Associação Paulista de Cineastas, CUCA da UNE O Teatro Mágico, Gpopai, Idec e o CTS da FGV teve como intuito exigir que o Ministério da Cultura coloque o projeto de Reforma da Lei dos Direitos Autorais (9619/98) para Consulta Pública o quanto antes, levando em consideração que trata-se de um ano eleitoral e da Copa do Mundo. Desde a demanda identificada na xx Conferência Nacional de Cultura o Ministério vem acumulando contribuições acerca da reforma da lei. Entretanto, até a data presente o texto não foi liberado pelo MinC para a consulta, para que a sociedade debata de forma ampla e transparente as mudanças que julgar necessárias acerca desse dispositivo.

Fernando Anitelli, da trupe O Teatro Mágico, aproveitou o espaço para refutar o rótulo de "exceção" conferido à banda, que não é vinculada a uma gravadora e disponibiliza suas músicas e vídeos gratuitamente na Internet : "Não somos uma exceção, somos uma possibilidade. A nossa música não nasce do nada, da nossa cabeça. Ela só é possível porque ouvimos outras coisas, consumimos outros produtos culturais. Festivais de música, compartilhamento de conteúdo e encontros presenciais são extremamente necessários". Fernando também externou sua opinião acerca do Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais - Ecad, o atual responsável pelo recolhimento dos direitos autorais no Brasil: "como acreditar num órgão que cobra pela execução do 'Parabéns pra você'?".

Sobre o Ecad , Claudio Prado, presidente do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital ironiza: "Nenhuma instituição que tem 300 advogados pode ser honesta".

Saiba mais:
http://www.reformadireitoautoral.org/

Baixe o Caderno Direito Autoral em Debate

Leia e assine a Carta pelo Acesso a Bens Culturais

terça-feira, 25 de maio de 2010

Direito Autoral em Debate


A “Rede pela Reforma da Lei dos Direitos Autorais”, que reúne 20 organizações civis, realizará no dia 26 de maio, às 19h, na sede do Ministério Público Federal, em São Paulo, um ato pela abertura da consulta pública da LDA (Lei de Direitos Autorais – Lei 9.610/98).


Com a manifestação, as organizações cobram do MinC (Ministério da Cultura) a abertura imediata da consulta pública do projeto de reforma da lei atual, para que toda sociedade possa participar e discutir o assunto. O que está em questão é como assegurar o acesso ao conhecimento e a democratização da cultura, e garantir que autores estejam melhor protegidos ao assinar contratos com gravadoras e editoras.


Durante o evento, será divulgada uma carta de princípios para nortear uma nova e democrática legislação autoral. Na ocasião, será lançado o caderno Direito Autoral em Debate, produzido coletivamente pela Rede, que esclarece as relações entre o direito autoral e os recursos educacionais, a produção artística, o acesso à cultura, as possibilidades digitais e os direitos do consumidor e a Carta São Paulo pelo Acesso a Bens Culturais (leia a aqui carta)


Data: Dia 26 de maio

Horário: 19h

Local: Ministério Público Federal - auditório

Endereço: Rua Peixoto Gomide, 768, Cerqueira César, São Paulo/SP

(próx. ao metrô Trianon MASP)

Mais informações:
Guilherme Varella – IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) - (11) 8629-9727
Bianca Santana – Casa de Cultura Digital - (11) 8925-6311
Pablo Ortellado – GPOPAI (Grupo de Pesquisas sobre Políticas Públicas para o Acesso à Informação – USP Leste) - (11) 8303-6881
Mariana Tamari – Coletivo Epidemia - (11) 8456-5866


Rede pela Reforma da LDA

Rede de 20 organizações e cerca de 500 músicos, escritores, produtores culturais, cientistas e pesquisadores, com a missão de promover uma ampla discussão no processo de reforma da Lei de Direito Autoral, garantindo o acesso ao conhecimento e a democratização da cultura no país.

Saiba mais: http://www.reformadireitoautoral.org/



Fazem parte da rede:

Ação Educativa
Associação Brasileira dos Estudantes de Educação à Distância
Casa da Cultura Digital
Coletivo Ciberativismo
Coletivo Epidemia
Comunidade Recursos Educacionais Abertos
CTS/FGV
CUCA da UNE – Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE
Gpopai/USP
GTLivro
IDEC
Instituto NUPEF
Instituto Paulo Freire
Intervozes
Laboratório da Cultura Digital
Movimento Mega Não
Música Para Baixar
Partido Pirata
Rede Livre de Compartilhamento da Cultura Digital
União Nacional dos Estudantes

segunda-feira, 17 de maio de 2010

CulturaDigital.br ganha prêmio no Prix Ars Electronica

A comunidade CulturaDigital.BR foi premiada na edição 2010 do Prix Ars Electronica - que destaca iniciativas no ambiente digital de todo o mundo -, na categoria Digital Communities. O anúncio foi feito hoje, dia 17, em Linz, na Áustria, cidade sede do Festival Ars Electronica.
CulturaDigital.BR é a única ação em língua portuguesa dentre as escolhidas nas 11 categorias do prêmio este ano. O Ars Electronica leva em consideração a dimensão pública e social das ações em novas mídias e por meio da Internet. A entrega da premiação será em setembro, também na Áustria.

A rede brasileira foi criada pelo Ministério da Cultura, em parceria com a sociedade civil, em março de 2009 e aberta ao público em julho do mesmo ano. Atualmente conta com cinco mil integrantes, cerca de três mil blogs cadastrados e com 280 grupos de discussão sobre os mais diversos temas do universo da cultura digital. Nesse espaço virtual, atores governamentais, estatais, da sociedade civil e do mercado consolidam diretrizes para políticas públicas na área.

São cinco áreas prioritárias de debates: Memória Digital (acervo, história e futuro); Economia da Cultura Digital (compartilhamento, interesse público e mercado); Infraestrutura para a Cultura Digital (infovia, acesso e inclusão); Arte Digital (linguagem, democratização e remix); e Comunicação Digital (língua, mídia e convergência).
“A grande inovação do CulturaDigital.BR é a apropriação da rede em diálogo permanente no processo de construção de leis e políticas públicas”, afirma o coordenador de Cultura Digital do Ministério da Cultura, José Murilo Carvalho.

Para conhecer o CulturaDigital.BR basta entrar na página
http://culturadigital.br, fazer o cadastro e participar das discussões.

Brasil no Prix Ars Electronica
Em 2007, o projeto Overmundo (www.overmundo.com.br) recebeu o Golden Nica, a maior distinção oferecida pelo júri especializado do Ars Electronica.
Por sua vez, a rede do MetaReciclagem (http://rede.metareciclagem.org/), integrada por criadores e ativistas da apropriação tecnológica, foi contemplada com Menção Honrosa em 2006.


Leia aqui a matéria no portal

Clique aqui para baixar o livro CulturaDigital.br


terça-feira, 11 de maio de 2010

Rio realiza ato-cultural pelo PNDH

O Movimento Rio Pró-Confecom convida todos os defensores da democratização da comunicação e a população em geral para participar do ato-cultural pela implementação do Plano Nacional de Direitos Humanos.

A manifestação acontece nessa quinta, 13 de maio, a partir das 16h, na Praça XV, próximo à entrada das barcas, no Centro do Rio. A atividade exige a execução do Plano, em especial, da diretriz 22 que propõe a “garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos”. Durante a programação serão exibidos vídeos independentes e contestadores da concentração da comunicação, como o Levante sua voz, produzido pelo coletivo Intervozes.

O PNDH3 vem sofrendo uma forte perseguição de setores conservadores e da mídia comercial. Uma dos motivos que eles apresentam para tantos ataques é a dita defesa da liberdade de imprensa. Sabemos muito bem o papel dos grandes veículos de comunicação na sustentação do regime militar no Brasil. Agora querem se propagar os defensores da liberdade de expressão?! Por isso, convocamos a população a se mobilizar e exigir do Governo Federal e do Congresso uma postura firme na implementação completa do Plano que nasce do acúmulo dos movimentos em defesa dos direitos humanos.

O ‘Levante sua voz’, que será projetado em plena Praça XV, faz um retrato da concentração dos meios de comunicação existente no Brasil. Em menos de 20 minutos, ele remonta o curta Ilha das Flores, de Jorge Furtado com a temática do direito à comunicação. Com um roteiro instigante e um belo trabalho de edição, o vídeo dirigido por Pedro Ekman é uma programação imperdível.


Divulgue e participe!

Ato-cultural pela implementação do Plano Nacional de Direitos Humanos

Pela “garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos” (diretriz 22 do PNDH3)

Quinta, 13 de maio, a partir das 16h, na Praça XV, próximo à entrada das barcas


Mais informações sobre o movimento de comunicação do Rio:

www.rioproconferencia.wordpress.com


domingo, 9 de maio de 2010

Manifesto pela Cultura Viva


Nós, cidadãos brasileiros, reconhecendo que a cultura de um povo é capaz de determinar o seu destino, convocamos a todos que se preocupam com a cultura brasileira a apoiar este manifesto. Sabemos que sua produção artística, a diversidade de sua expressão simbólica, suas relações sociais e seu imaginário são capazes de fecundar utopias e ampliar as possibilidades de atuação política deste povo. Tudo isso amplia sua capacidade de intervir e transformar sua realidade social, contribuindo para a construção de um país mais justo, mais humano e mais feliz.

Nossa cultura, gestada e enraizada nas entranhas do Brasil, é pulsante, criativa e forte. Queremos garantir esta Cultura Viva! Queremos continuar a “desesconder” o Brasil, reconhecendo e reverenciando a cultura de um povo capaz de assumir sua história e construir no presente, o futuro desejado. Queremos garantir a expressão da pluralidade brasileira, esta revolução silenciosa que fazemos, trazendo os atores de baixo para cima, na construção de uma memória presente, através das novas possibilidades de difusão e acesso à cultura.

É preciso reconhecer nossa latente criatividade e afirmar que nós, atores sociais, produzimos cultura e, portanto, fazemos a nossa história. Nesse sentido, os Pontos de Cultura cumprem um importante papel no confronto aos padrões produtivos hegemônicos, intervindo na democratização dos meios de produção e acesso à cultura, valorizando as demandas produtivas de parcelas da população que anteriormente foram alijadas do acesso ao recurso público, não sendo reconhecidas em seus direitos e possibilidades históricas. Incentiva a preservação e promove a diversidade cultural brasileira, contemplando manifestações culturais de todo o país, reconhecendo a cultura em toda a sua complexidade, desde as que ocorrem nas grandes cidades, em favelas e periferias, às que se encontram em pequenos municípios, ou em aldeias indígenas, assentamentos rurais, comunidades quilombolas e universidades. Sempre preservando a autonomia, visando o exercício máximo da potência de cada sujeito envolvido e reconhecendo os Pontos como protagonistas da sua realidade.

Por isso, estamos propondo a criação de uma Lei que garanta os princípios desta Cultura Viva e a torne uma política de Estado. Queremos a Lei Cultura Viva!

Acreditamos que os Pontos de Cultura, ao incorporarem novos atores – que reconhecidamente despertam para um novo formato de execução e disseminação de sua produção cultural – criam possibilidades históricas que aproximam esses atores sociais da dinâmica do Estado. Isso porque são eles que iniciam todas as cadeias produtivas da cultura – onde o acesso às tecnologias produtivas, é condição essencial para a participação no processo de formulação de políticas públicas plurais e afirmativas. A lei Cultura Viva visa garantir uma produção cultural criativa, que se realize de baixo para cima, potencializando desejos e criando situações de encantamento social, por meio dos Pontos de Cultura.

Defendemos a inclusão da cultura no capítulo dos direitos sociais da constituição brasileira, a implantação do sistema nacional de cultura, a ampliação e democratização do financiamento público para a atividade cultural.

Reforçamos a campanha pela Lei Cultura Viva, garantindo de maneira democrática e participativa que o reconhecimento e o apoio aos Pontos de Cultura se transformem em uma política de Estado!

Cultura como direito de cidadania e dever do Estado!

Cidadania Cultural como direito de todos!

Vamos todos juntos, unidos, abraçar esta causa!


Clique aqui para assinar o manifesto

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Orquestra Voadora e doações em Niterói

A praça da Cantareira, tradicional ponto de encontro de jovens e universitários de Niterói, contou nesta última quinta-feira (6) com uma presença especial: os jovens cariocas da Orquestra Voadora se apresentaram pela primeira vez na cidade, recebendo doações para os desabrigados pela chuva.

Este foi o segundo evento organizado pelo coletivo Rio Unido, um grupo de artistas e produtores culturais voluntários que se articularam pela internet a fim de realizar eventos para arrecadar doações em função das chuvas no Estado.
Com um público em torno de 400 pessoas, a atividade contou também com o apoio do DCE Fernando Santa Cruz e o Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UFF.

As roupas, alimentos e material de higiene recebidos foram entregues ao Comitê de Mobilização das Favelas de Niterói, organização dos próprios moradores atingidos pelas chuvas e voluntários, que tem se encarregado da arrecadação e distribuição dos donativos.
Para quem não deu ainda sua contribuição, ainda é tempo: o Sindicato de Trabalhadores da UFF, que fica dentro do campus do Valonguinho
é um dos pontos oficiais de recebimento e organização de doações.

O próximo evento Rio Unido será na segunda-feira dia 17 de maio no Buxixo, na Tijuca, e contará com a presença de Ana Élle, Glaucia Chris, Bleffe, Turbilhão Carioca e Farofa Carioca. Não deixe de ir e levar sua contribuição!

Acompanhe as atividades do Rio Unido no twitter: @riounido e #riounido

Mais informações:
http://riounido.wordpress.com/

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cantareira recebe Orquestra Voadora e doações para os desabrigados pelas chuvas em Niterói

Na próxima quinta-feira (06/05) a praça da Cantareira, tradicional ponto de encontro de jovens e universitários de Niterói, recebe a Orquestra Voadora em um cortejo beneficente a fim arrecadar doações para os desabrigados pelas chuvas em Niterói.
A atividade começa a partir das 21h*, e as doações serão encaminhadas ao Viva Rio.
A organização do evento é do coletivo Rio Unido, criado a partir da mobilização pela internet de artistas e produtores culturais voluntários para realizar eventos de arrecadação de doações, e conta com o apoio do Diretório Central dos Estudantes e do Centro Universitário de Cultura e Arte da UFF.

Veja os itens mais necessários no momento: Colchonetes, Alimentos não Perecíveis (açúcar, água potável, arroz, enlatados, feijão, fubá, leite em pó, macarrão, pó de café), material de higiene e limpeza (cloro, detergente, pano de chão, rodo, sabão em barra, sabão em pó, vassoura), material de higiene pessoal (absorvente, condicionador, escova de cabelo, escova de dentes, fralda, pasta de dentes, sabonete, shampoo).



domingo, 2 de maio de 2010

Cultura livre e batalha digital


Muito tem se falado ultimamente sobre propriedade intelectual e novas tecnologias. Com as reformas da Lei de Incentivo à Cultura (conhecida como Lei Rouanet) e, principalmente, da Lei do Direito Autoral, o atual modelo de produção e distribuição de bens culturais vem gerando um intenso debate entre órgãos do poder público, sociedade civil organizada e academia.


É neste contexto que se insere o CopyFight, seminário organizado pelo Pontão de Cultura Digital da Escola de Comunicação da UFRJ, realizado dias 28 e 29 de abril. Declarando guerra ao “direito de cópia” (copyright, em inglês), a discussão girou em torno de questões como pirataria, compartilhamento em rede, cultura livre e direitos autorais. As mesas de debates, transmitidas pela Internet, geraram significativa interação pelo twitter entre os participantes presenciais e virtuais, e refletiram a movimentação que está sendo feita em torno do tema.


Em uma sociedade regida em grande medida pela informação, o acesso ao conhecimento tornou-se uma questão de mercado, processo que Ivana Bentes, diretora da ECO/UFRJ, chama de “capitalismo cognitivo”. Por outro lado, a descentralização da internet e a propriedade do conhecimento possibilitam a produção e a troca cultural em novos modelos, através da auto-organização em rede.


Os chamados softwares livres possuem códigos abertos, ou seja, a fonte de programação do sistema está disponível para que os usuários possam alterar, incrementar e redistribuir estes programas de acordo com seus usos e preferências. Por sua vez, os softwares proprietários não permitem que o código-fonte seja modificado pela comunidade, dando menores possibilidades de escolha ao usuário, que tem que pagar para ter atualizações em seu sistema.


Os defensores de softwares livres alegam que, além de serem gratuitos, os programas com código aberto são mais funcionais, por estarem em constante desenvolvimento por colaboradores em rede: a criação de um software livre em rede, como o sistema operacional Linux por exemplo, envolve em torno de 150 mil colaboradores de todo o mundo, e atualmente roda em cerca de 20 milhões de máquinas pelo planeta - entre elas o próprio Google. Para Sergio Amadeu, sociólogo e pesquisador em tecnologia da informação e comunicação, “o compartilhamento do conhecimento é a base da criatividade, a sociedade do conhecimento não depende e nunca dependeu da propriedade".


Porém, mais do que uma questão técnica, o uso de softwares livres é uma opção política. Principal mídia da sociedade em rede, o software é uma interface tecnológica fruto de decisões humanas, e, em uma sociedade regulada por códigos, impõe a ideologia de seus programadores.


Segundo o advogado e professor da UFRJ Pedro Ivo, as novas tecnologias demandam novos modelos de negócio, e temas como a arrecadação de direitos autorais, por exemplo, não devem ser pensados sob modelos tradicionais: “como explicar pra uma pessoa que vive há 30 anos em um modelo de negócio tradicional, que ela pode usar a internet de forma estratégica? ”. Hoje em dia milhares de profissionais que trabalham desenvolvendo plataformas livres, e diversos artistas disponibilizam suas obras na Internet, divulgando seu trabalho e estabelecendo outras trocas financeiras para além do produto em si. Para o músico Jards Macalé, "a ideia é que todos criem, troquem... quem diz quem é ou não é artista?".


Na discussão em torno dos direitos autorais, defende-se a flexibilização da legislação no sentido de reconhecer estas novas dinâmicas possibilitadas pela Internet e as novas tecnologias. Como alega Amadeu, "quando uma prática social como a cópia de produtos culturais é utilizada de maneira intensiva, não é a Lei que está errada?".


O debate contou também com a presença de um representante do Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais (ECAD), o principal agente de fiscalização do “uso indevido” de obras patenteadas. Argumentos como "você não gostaria que invadissem a sua casa ou pegassem o seu carro", que criminaliza um jovem que baixa uma música na Internet, por exemplo, foram facilmente questionados quando observado que o acesso à informação também é um direito previsto em Lei.


Sendo assim, a proposta do evento era “hackear o Copyright”, ou seja, saber usar os códigos e a linguagem do modelo tradicional para dialogar sobre novos modelos de negócio. Pedro Ivo exemplifica a questão brincando com termos jurídicos, defendendo o “compartilhamento colaborativo de um determinado produto cultural sob licenças privadas” – ou seja, “piratear”. Maior evento de inovação tecnológica e Internet do mundo, o CampusParty lançou este ano um adesivo que reflete bem esta preocupação: "adoraria mudar o mundo, mas não me deram o código fonte".

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pontos de Solidariedade

No último sábado (24) o Fórum dos Pontos de Cultura do Rio de Janeiro realizou o Pontos de Solidariedade – Uma ação político cultural contra a criminalização da pobreza e por direito a políticas públicas para o conjunto da sociedade. O evento, que aconteceu no Centro do Teatro do Oprimido, na Lapa, contou com apresentações artísticas dos Pontos de Cultura, exibição de vídeos e arrecadação de doações para desabrigados pelas chuvas.

O encontro estava marcado para 16h e aos poucos as pessoas foram chegando e ajudando na arrumação do espaço: organizar arquibancadas, fazer as faixas, selecionar os videos, montar o som gentilmente cedido pelo ponto de cultura do Museu da Maré. Trabalho não faltava - vale lembrar, sempre coletivo.

O Ponto de Cultura América no Coração da Baixada abriu as apresentações da noite com Dona Dalma, do grupo de terceira idade do projeto, que também levou as apresentações de Carmem Miranda (por Nathalia Januzzi) e Ney Matogrosso (por Kleber Moreyra), que colocaram a platéia toda para dançar. O evento contou também com a roda de samba do Ponto de Cultura O Som das Comunidades, trazendo o melhor do samba para a atividade, que encerrou ao som de “Aquarela Brasileira”, de Silas de Oliveira, fazendo-nos sempre lembrar da bela diversidade cultural do país.

Além das apresentações, os participantes assistiram também ao vídeo do prêmio Interações Estéticas (outra ação ligada ao Programa Cultura Viva), ao registro feito pelo Me Vê na TV da 1ª Teia dos Pontos de Cultura RJ/ES realizada em Nova Iguaçu em 2007, e a vinheta de lançamento da 7ª Bienal da UNE Cordel Digital: Imaginário Popular em rede.

Na ocasião, também foi lida a carta “Catástrofes e descaso do poder público na gestão urbana: onde está o problema?”, uma resposta do Fórum dos Pontos de Cultura aos estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o estado nas últimas semanas.

Foram arrecadados materiais de higiene, alimentos não perecíveis, roupas e agasalhos, entregues à comunidade do Borel, atingida pelas enchentes.

Do encontro, realizado durante o Viradão Carioca, saiu a idéia de fazer um circuito de apresentações artísticas dos Pontos de Cultura. Para Firmino, do Centro de Cultura e Educação Lúdica da Rocinha, “poderia ter um palco de dez da manhã às dez da noite que ainda iria faltar espaço pra todo mundo se apresentar”.

Em uma avaliação feita pelos presentes, poderia ter havido maior participação do Fórum dos Pontos de Cultura no evento. Mas, de uma forma geral, conclui-se que foi importante a realização da atividade, que arrecadou doações em uma ação que além de cultural, também teve caráter político. Para Carla Daniel, do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi), uma das participantes do Fórum, “estes são momentos importantes de construção coletiva que nos fazem caminhar, rememorar e até questionar o que queremos e, sobretudo, o que podemos”.

Mais informações sobre o Fórum dos Pontos de Cultura do RJ: http://forumdospontos.pontaodaeco.org/pontosdecultura

Confira abaixo a carta lida no encontro:


Catástrofes e descaso do poder público na gestão urbana: onde está o problema?


Aos que tiveram a vida ceifada nas ultimas semanas em função da catástrofe do início de abril, e as familias que estão convivendo com esta tragédia, os nossos profundos sentimentos!

O fórum dos pontos de cultura do estado do rio solidariza-se com todas e todos que moram em morros; encostas; beira de valas, valões, próximos a rios, periferias e baixadas.

Setores elitistas da nossa sociedade sempre discriminaram e culparam os pobres, por morarem em lugares impróprios, como divulgado por representantes públicos nos meios de comunicação. A política publica sempre foi a de remoção!!!

“Se moramos onde moramos não é simplesmente porque queremos, mas, pelo que restou do que nos foi negado historicamente, pela ausência de políticas habitacionais, desde a abolição da escravidão neste país.”

Não é opção. É falta de opção.

As prefeituras e o governo estadual deveriam garantir prevenção básica nos morros, como poda de arvores, coleta seletiva de lixo, muros de contenção de encostas, fechamento de valas e etc. como ocorre no “asfalto”. Alem de planos de emergência de defesa civil para a população e a oferta de moradias dignas.
O governo federal ter um planejamento urbano de médio e longo prazo. Dentre outras ações que poderiam evitar tanto sofrimento.

A falta de políticas públicas contribuiu para um grande déficit habitacional no Brasil, segundo o movimento de luta por moradia. Há centenas de imóveis públicos fechados pelo estado do rio afora e que poderiam servir de moradia, assim como dezenas de fábricas que se encontram fechadas na Avenida Brasil e via Dutra, por exemplo.

O Fórum dos Pontos de Cultura do Estado do Rio exige políticas públicas sociais na área da habitação e gestão urbana, sobretudo, respeitando os aspectos culturais locais, parte importante dos direitos básicos de todo cidadão.

Importante frisar que fora da política não há solução. Somente através de uma ação política articulada e democrática com a participação dos moradores teremos alternativas para a questão.

Abaixo o crime do esquecimento e do descaso de tantas outras tragédias.

Não as remoções unilaterais e autoritárias sem a participação das comunidades.

Urbanização e serviços básicos da cidade nos morros já!!!

Cumpra-se o estatuto das cidades.

Fórum dos Pontos de Cultura, 24 de abril de 2010.


Copyfight - Propriedade Intelectual e Pirataria



Começa hoje na Escola de Comunicação da UFRJ o Copyfight, seminário organizado pelo Pontão de Cultura Digital da ECO que vai tratar e propriedade intelectual, pirataria, compartilhamento em rede, novas tecnologias, cultura livre, direitos autorais e por aí vai...

Acompanhe em www.twitter.com/alinecarvalho
Mais informações: http://copyfight.pontaodaeco.org/

Em breve, matéria aqui!

domingo, 18 de abril de 2010

Direito à moradia

Na tarde de quinta-feira, dia 15 de abril, cerca de 1500 pessoas ocuparam as ruas do centro de Niterói em manifestação pela garantia de moradia digna para a população pobre da cidade. O protesto Luto por Niterói foi organizado por moradores de 13 comunidades do município, além de sindicatos, movimento estudantil, organizações de defesa dos direitos humanos e mandatos populares reunidos no Comitê de Solidariedade e Mobilização das Favelas.

Vestidos de preto, portando cruzes, lírios brancos e velas, além de faixas e cartazes, os manifestantes caminharam até a sede da prefeitura municipal, onde tentaram apresentar uma pauta de reivindicações ao prefeito da cidade, Jorge Roberto Silveira (PDT). Uma comissão de dez representantes de comunidades foi recebida pelo secretário de governo, Michel Saad e outros secretários municipais, mas o prefeito não estava presente.

Em reunião fechada durante mais de duas horas, (a imprensa não pôde acompanhar, apenas fazer imagens) os moradores das favelas apresentaram aos representantes do poder público municipal a pauta de reivindicações do movimento. E também relataram as dificuldades pelas quais estão passando nas comunidades e bairros que mais sofreram desabamentos e alagamentos com as chuvas da semana passada.

Uma nova reunião ficou pré-agendada para a próxima semana, desta vez com a garantia dos secretários de que o prefeito estará presente. Conforme prometeram os representantes do executivo municipal, a data do encontro será confirmada ainda hoje.

“Eles tentaram nos enrolar para que o povo aqui em baixo fosse embora. Me surpreendeu muito a reunião porque eu não sei se havia desinformação ou muito cinismo, porque anotaram ponto a ponto o que relatamos que está acontecendo nesta cidade. É um governo que tem quatro mandatos em Niterói e não sabe onde estão os pontos críticos! Na próxima semana estaremos aqui de novo, vamos dobrar o número de pessoas de hoje”, afirmou Isabel Firmino, moradora da comunidade da Barreirinha, uma das participantes da reunião com os representantes da administração municipal.

Sem perspectiva de saída dos alojamentos provisórios, Niterói vive desde a semana passada uma tragédia que parece não ter fim próximo. Diante da catástrofe detonada pelas fortes chuvas, os moradores das regiões mais afetadas decidiram se unir no comitê de mobilização e solidariedade, que organizou o ato de ontem. De acordo com os dados oficiais, 146 pessoas morreram na cidade e cerca de 7 mil estão desabrigadas.

O comitê denuncia que as pessoas desabrigadas não têm ainda nenhuma perspectiva de conseguirem uma moradia digna. O pagamento do aluguel social, prometido pela prefeitura, ainda não se tornou realidade, e as famílias continuam alojadas em escolas e igrejas, sobrevivendo basicamente de doações.

Entre as reivindicações entregues pelos manifestantes ao governo municipal estão “a apresentação de um plano imediato de moradia popular”, bem como a “ocupação de todos os imóveis desocupados”, a “inspeção imediata das áreas de risco”, e o fim das remoções compulsórias.

No percurso até a prefeitura, do alto do carro de som, um dos moradores chamou a atenção da população para um edifício vazio, à Rua da Conceição, uma das vias do coração da cidade. O imóvel serviu de exemplo para os manifestantes mostrarem que há prédios no município sem cumprir a função social, como determina a constituição, e que poderiam se tornar moradias.

“Mas eles[os representantes da prefeitura] mudaram a cara quando nós falamos que sabíamos que em Niterói há prédios vazios e que nós queremos esses prédios para nós morarmos e não para servirem à especulação imobiliária”, relatou Izabel.

Muitas histórias parecidas

Dona Dulcinéia dos Santos, de 62 anos, mancava durante a manifestação. O pé está enfaixado e ela contou que o machucou quando saiu correndo de casa, na madrugada do dia 6 de abril, quando as paredes da casa dela desabaram. Moradora da comunidade da Caixa D’agua, na região do bairro do Fonseca, Dona Dulcinéia vive desde o desastre em um Ciep. Cada uma das quatro pessoas que moravam na casa que desabou foi buscar abrigo em um lugar diferente. Com lágrimas nos olhos, ela falou que não sabe onde irá morar daqui em diante.

“Eu só queria um teto para dormir, porque desde que minha casa caiu eu não durmo direito. Tem muita gente lá no Brizolão [Ciep] e cada um tem seu jeito de ser, então é muito difícil”, expressou.

Durante a manifestação, muitas histórias como a de Dulcinéia foram contadas. Dona Hilma é moradora do Morro do Estado, no centro da cidade, e também está sem moradia.

“Minha casa está dependurada. No dia da tragédia eu saí cedo e estava tudo normal, quando voltei, já estava tudo no chão”, lembrou. Casas abaixo da de Dona Hilma desabaram e soterraram várias pessoas, três delas não sobreviveram. Hilma está alojada na Associação dos Moradores do Morro do Estado e assim como Dulcinéia, não tem perspectivas de quando irá sair de lá e muito menos para onde ir.

Nas proximidades do Morro do Bumba, onde as buscas por corpos não terminaram e já foram contabilizadas 45 vítimas fatais, uma igreja evangélica abriga cerca de 70 pessoas. O pastor da igreja, Bruno Borges, participou da manifestação e contou que o poder público ainda é muito tímido na solução dos problemas dos desabrigados do Bumba. De acordo com ele, o apoio da prefeitura na forma de donativos só chegou quase uma semana depois da tragédia. Ele diz que as doações tem sido freqüentes por parte de pessoas solidárias e das igrejas.

Tragédia previsível

“A prefeitura sabia que aquilo era um lixão. Eu era criança quando eu brinquei lá e estava sendo aterrado e eu já tenho 38 anos. Então todo mundo sabia. Porque colocaram iluminação lá? As pessoas pagavam IPTU, então por que deixaram as pessoas morarem lá?”, questionou Bruno Borges.

O pastor destacou que os moradores do Bumba não querem ser removidos para longe da região e já tem uma solução para continuarem morando no local. Ele disse que há uma garagem desativada, cujo espaço poderia ser utilizado para construção de prédios. “Cabe todo mundo e ainda sobra lugar. Se quiser, o prefeito faz, não precisa mandar ninguém para longe como estão dizendo que vão mandar lá para Guaxindiba, para Manilha”.

Para o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL/RJ) também presente na manifestação, o que aconteceu em Niterói e também em comunidades do Rio de Janeiro, é conseqüência da falta de políticas públicas e de uma inversão de prioridades nas administrações.

“O que aconteceu no Morro do Bumba não foi culpa das chuvas e nem dos moradores que lá foram morar, porque as pessoas não tem opção. Se as prioridades do poder público fossem outras, esta tragédia poderia ter sido evitada. É inconcebível a existência de um conselho político em Niterói recebendo R$ 6 mil reais cada conselheiro. Se o prefeito quer conselho, peça a ele para visitar as favelas que lá tem opiniões muito preciosas para aconselhá-lo no que ele tem que fazer”, ironizou.

A professora da Faculdade de Arquitetura e coordenadora do Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos – Nephu – da Universidade Federal Fluminense (UFF), Regina Bienenstain, afirmou, durante o ato, que as pessoas não precisam ser retiradas das favelas para viverem em segurança.

“Retira-se apenas as famílias que estão nos locais de risco e remenaja-se para dentro da própria favela e se promove a urbanização. Mas tem que ficar claro que urbanização não é só pavimentar ruas, é preciso colocar drenagem, que é o principal instrumento para evitar riscos, realizar saneamento ambiental,colocar água e rede de esgoto”, explicou.

Regina disse ainda que é preciso mapear áreas da cidade onde podem ser construídas novas moradias, e também, criar políticas de geração de emprego e renda, para que as pessoas possam garantir suas habitações.

“O Bumba é a manifestação do vazio de políticas com relação à habitação. Na verdade todos os municípios deveriam considerar todas as parcelas da população como um direito à cidade. O pobre acaba não tendo espaço nesta cidade porque a terra tem dono e o que sobra são as áreas que não deveriam estar ocupadas”, declarou.

Expediente modificado para não receber manifestantes

Funcionários da prefeitura afirmaram que no dia de ontem o expediente de trabalho no local terminou antes do que era o costume – às 15h, quando geralmente vai até 19h. De acordo com os moradores que participaram da reunião com representantes do governo municipal, foi afirmado que o prefeito não esperou os manifestantes porque os “ânimos estavam exaltados” e, por conta disso, era melhor marcar uma reunião em outro dia.

O protesto, que começou antes de 16h e chegou à porta da prefeitura por volta de 17:30h, só terminou por volta de 21h, quando os representantes das comunidades desceram da reunião e repassaram as informações para os participantes do ato que ainda esperavam.

Apesar da tentativa de vários jornalistas, de diversas mídias, de obterem posições oficiais do executivo municipal acerca da reunião e outras informações, a prefeitura não falou com a imprensa até o final da manifestação.

Fonte: Fazendo Media (www.fazendomedia.com)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Gilberto Gil e a Cultura Digital

“É um novo mundo, por causa especialmente da acessibilidade e da velocidade, da generalização de usos e penetração desses usos em esferas antes assumidas por poucos grupos. (...) Surge a questão da multicapacitação, das multiutilizações, de tudo que o mundo digital proporciona, que é um mundo que socializou também todas as ferramentas, que agilizou as inteligências funcionais, que é como as inteligências entram em função no diálogo com as mentalidades.”


“Mas o mundo digital aproxima muito virtualidade e atualidade, fica muito confundido, e é difícil de contar esta inundação.”


“A tecnologia é a concepção que o homem foi fazendo de sua própria extensão.”


“Hoje não é mais o pequeno recanto que reivindica sua sucessão ao universal, é o universal que chama o local para que ele venha...”


“As idéias estão muito próximas, a tecnologia aproxima o virtual do atual, aquilo que era virtual já está sendo. (...) Por isso mesmo a produção entendeu que seu grande produto é o conhecimento”.


[Sobre a relação particular do Brasil com a Cultura Digital] Você tem uma marca, semântica, conceitual que pode servir de referência para a compreensão disso que é a antropofagia, essa capacidade de fusão e absorção, que virou marca desde Oswald de Andrade, passando pela Tropicália.”


“É uma tendência que a juventude do mundo todo está percebendo, no sentido de não se conformar mais com as restrições das especialidades, se formar em alguma coisa, de trabalhar num determinado setor.”


“Política é um instrumento do direito de legítimos ou de alguma forma reivindicados por alguém ou por um grupo. Ela não tem vida própria. Política é para uma finalidade humana qualquer que é pré-estabelecida antes da política. (...) A política é o que nós queremos fazer das coisas.”


“O mundo digital parece aproximar essas áreas [arte e ciência]. Aquilo que eu disse do virtual e do atual, a possibilidade atualizante desse mundo é impressionante. Vai além do romantismo ou da contracultura, possibilitando que indivíduos ou coletivos possam fazer esse exercício de criatividade.”



* Extraído da entrevista de Gilberto Gil na publicação Culturadigital.br