Para o brasilianista Christopher Dunn, autor do livro “Jardim de brutalidade – A Tropicália e a emergência de uma contracultura brasileira”, “esse legado da contracultura fez com que se abrisse mais a noção do que era o campo da política, até então restrito aos partidos”[1]. Neste sentido, ainda que de forma aparentemente desbundada, a Tropicália buscava “cotidianizar a política e politizar o cotidiano”, trazendo para a pauta de debates questões da liberação sexual como a homossexualidade e a relação homem-mulher. Na onda de movimentos contestatórios daquela década, se fortificava o movimento feminista que, a partir de um conjunto de idéias políticas, filosóficas e sociais, procuravam promover os direitos e interesses das mulheres na sociedade civil, em busca da igualdade entre os sexos. A principal referência do existencialismo, tese segundo a qual cada pessoa é responsável por si própria, era o casal Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, que mantinham um relacionamento aberto – a versão politizada do amor livre, por assim dizer. Em 1949, Simone escreve o livro “O Segundo Sexo”[2], defendendo que a hierarquia entre os sexos não é uma fatalidade biológica e sim uma construção social, e que serviu de embasamento teórico e político para as reivindicações feministas daquela década. No Brasil, Nara Leão, Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Lygia Clark, entre outras, ocuparam na década de 60 importantes e diferentes papéis na inserção da mulher nos debates da sociedade através das artes, sem esquecer de outras importantes feministas brasileiras como a escritora Rose Marie Muraro e a atriz Leila Diniz, [3].
[1] 68 – O ano da revolução pela arte. Segundo Caderno, O Globo, 18 de maio de 2008.
[2] DE BEAUVOIR, Simone. O Segundo sexo. São Paulo : Difel, 1955
[3] Sobre feminismo, ver Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy, 1991e Céli Regina Jardim Pinto, 2003
Há 6 anos
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