Um incêndio atingiu a residência da família do pintor, escultor e artista plástico Hélio Oiticica, na Zona Sul do Rio, na noite desta sexta-feira (16). Segundo um irmão do artista, o acervo que estava na casa foi quase todo destruído pelas chamas e prejuízo pode chegar a US$ 200 milhões.
A casa fica no Jardim Botânico, o fogo atingiu uma sala do primeiro andar, justamente onde ficavam guardadas as esculturas, pinturas e instalações do revolucionário artista, considerado um dos fundadores do neoconcretismo.
Os parentes estavam no andar de cima quando sentiram um forte cheiro de fumaça. "Arrombei a porta para sair a fumaça e a gente entrar e ver o que era, mas já era tarde demais. Já estava pegando fogo em tudo", disse o irmão.
Segundo César, 90% das obras do irmão foram destruídas, um prejuízo estimado por ele em US$ 200 milhões. CDs e arquivos de computador que estavam em um outro escritório não foram atingidos pelas chamas.
A família não tem ideia do que provocou o fogo, pois sala tem controle de umidade e temperatura. "Eu sinto que fracassei, pois desde que me aposentei minha missão era cuidar da obra dele. Eu me sinto péssimo".
Apesar do incêndio ter destruído milhares de quadros, esculturas, instalações e outras peças, algumas das suas obras mais famosas, como “Tropicália” e “Cosmococas” foram preservadas em outros museus, como o Tate Modern em Londres e o Instituto Inhotim, em Minas Gerais.
A exceção são os parangolés, estandartes e bandeiras feitas para serem vestidos em performances. “Grande parte foi destruída. Sobraram poucos exemplares, que Hélio havia dado de presente a amigos quando estava vivo”, explica o irmão César Oiticica, responsável pela preservação das obras.
Parangolés – Quase todos os parangolés de Oiticica foram destruídos no incêndio. César acha que é impossível fazer réplicas fiéis das obras, e sobraram poucos exemplares espalhados pelo mundo, que Hélio havia dado de presente. “Sei que ele deu uma para o (crítico) Guy Brett, outra para um amigo na Bélgica. Mas foram poucas”, diz César.
Metasquemas – As obras, guardadas junto com os desenhos na mapoteca da casa, foram salvas das chamas. Além disso, a série tem obras adquiridas por museus e colecionadores particulares.
Bólidos – Apesar de parte dessas esculturas terem sido destruídas, existem exemplares espalhados pelo mundo, incluindo museus como o Tate Modern em Londres, o MoMa em Nova York e o Malba em Buenos Aires.
Tropicália – A edição original da instalação, de 1967, está no Tate Modern. Outras obras penetráveis chegam a ter até cinco edições – parte delas permanece na reserva técnica da Casa de Artes Hélio Oiticica.
Cosmococas – Segundo o site do jornal “O Globo”, a importante série de Oiticica está preservada no centro cultural do Instituto Inhotim, em Minas Gerais.
Bilaterais – César afirma que a estrutura de obras desta série foi preservada, e que talvez possam ser recuperadas. “Ainda assim, preservamos esquemas digitalizados, e podemos reconstruir algumas obras para fins didáticos”, explica o irmão.
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